sábado, 23 de fevereiro de 2013

Lanço-me abruptamente aos teus braços








Lanço-me abruptamente aos teus braços.
E o teu colo de rocha inabalável
– visando a permanência do meu conforto –
se desfaz em areia tênue e atribui
a cada curva constante do meu corpo
outra curva de inconstância fina e leve.


Sabes que sou uma onda imprevisível
a acompanhar os limites redesenhados,
que se expandem e se contraem conforme ordena
o pulsar irregular das sensações.


Entre nós não há pontes factíveis.
Mas nos amamos tão verdadeiramente
que o oceano se compadece:
abre os braços e nos une,
feito um firme, um imenso continente.



Poema: Elaine Regina
Imagem: autor desconhecido


© Todos os direitos reservados - registrado no EDA/Fundação Biblioteca Nacional

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Conselho








Ora, meu amigo, se você quer ter apoio para as suas coisas,
 

compre uma mesa grande e robusta. É muito simples.
 

Ah, não foi isso que você quis dizer? Você deseja ter o apoio das pessoas?
 

Ah, bom...


...


Então, não compre a mesa,
 

compre uma poltrona bastante confortável,
 

daquelas que duram uma Eternidade.
 

Tenho certeza que vai precisar dela...





Poema: Elaine Regina

Imagem: autor desconhecido


© Todos os direitos reservados - registrado no EDA/Fundação Biblioteca Nacional

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Todos os dias morro à tua espera







Todos os dias morro à tua espera,
num revolver interno angustiante
que me adormece e acorda a cada instante
e me faz diferente do que eu era.


Desemperraste, príncipe-quimera,
a roda presa dos desejos que antes
ressonavam parados numa estante
e agora correm loucos na atmosfera.


Domaste os movimentos arredios.
Colheste a plena entrega – tão visada –
no meio das recusas, nesses fios


de fugas retorcidas sempre dadas.
Deixaste com torrentes, beijos-rios,
as cheias do meu corpo reviradas.

Poema: Elaine Regina

Imagem: autor desconhecido



© Todos os direitos reservados - registrado no EDA/Fundação Biblioteca Nacional